quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Ataque a seguidores do presidente deposto mata dezenas no Egito


Policiais mataram dezenas em acampamentos de islamitas no Cairo.
Massacre de partidários de Morsi gerou protestos internacionais.

 Ofensiva das forças de segurança - com policiais, blindados e helicópteros - contra os acampamentos dos seguidores do deposto presidente do Egito, Mohammed Morsi, no Cairo, resultou na morte de um número indefinido de pessoas nesta quarta-feira (14).

Segundo a imprensa local, os confrontos seguem intensos na capital do país, cada vez mais afundado na crise política após a derrubada do presidente islamita Morsi, no início de julho, por um golpe militar.
Não é possível ainda determinar o número de mortos.
Enquanto a Irmandade Muçulmana, grupo a que Morsi é ligado, informa que os confrontos já deixaram entre 30 e 350 mortos e centenas de feridos, as autoridades não confirmam esses números.
As agências internacionais também noticiam números diferentes. A EFE informa que os confrontos deixaram 200 mortos. Mas a France Presse (AFP) fala em 124 mortos. Com base em testemunhas, a Associated Press estima em 25.

O funcionário do Ministério da Saúde Ahmed el-Ansari disse que confrontos deixaram quatro mortos e 50 feridos.
Mas o Ministério do Interior informou que dois agentes de segurança foram mortos, e nove, feridos.
A televisão egípcia, por sua parte, informou que pelo menos um agente morreu e outros quatro ficaram feridos por disparos supostamente efetuados por seguidores de Morsi.

As forças de segurança do Egito iniciaram a operação para desmantelar os acampamentos de protesto nas praças de Rabea al Adauiya, no distrito de Cidade Nasser, e Al Nahda, em Giza.
Uma fonte dos serviços de segurança informou que a polícia usou apenas bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Posteriormente, a televisão estatal acrescentou que os manifestantes ateavam fogo em pneus e lançavam pedras contra os agentes para conter a ofensiva.
Carros blindados do Exército se encontram a caminho do local, enquanto várias escavadeiras da polícia derrubam as barracas usadas pelos manifestantes.
Outros incidentes
Pelo menos 17 pessoas morreram na província de Fayoum, ao sul do Cairo, após confrontos em delegacias entre apoiadores de Morsi e as forças de segurança, disse um funcionário de um hospital.
Partidários de Morsi incendiaram uma igreja copta em Sohaf, no centro do Egito, em represália pela retirada de seus acampamentos, informou a agência oficial Mena.
Os islamistas atiraram coquetéis molotov contra a igreja Mar Gergiss, situada na área da diocese desta cidade que tem uma importante comunidade cristã ortodoxa copta, segundo a agência.
Os coptas, que representam entre 6% e 10% da população egípcia, tiveram uma participação ativa no movimento popular que provocou a derrubada de Morsi pelo exército.
Sunitas se distanciam
A mesquita Al-Azhar do Cairo, principal autoridade sunita do mundo e que havia apoiado a destituição de Morsi, se distanciou da violência desta quarta.
"Al-Azhar informa aos egípcios que não tinha conhecimento dos métodos utilizados para dispersar os protestos, a não ser pelos meios de comunicação", afirmou o imã Ahmed al-Tayyeb.
Preocupação internacional
A situação no Egito, o mais populoso dos países árabes, preocupa a comunidade internacional.
"Estou muito preocupado com a escalada de violência e a instabilidade no Egito", indicou o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, em um comunicado. "Condeno o uso da força para dispersar as manifestações e peço às forças de segurança que atuem com moderação."
O chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, pediu a todas as forças políticas egípcias que impeçam uma escalada da violência.
A intervenção armada é inaceitável, declarou o chefe de Estado turdo, Abdullah Gul. "O que aconteceu no Egito, esta intervenção armada contra civis que se manifestam, não pode de maneira alguma ser aceita", afirmou Gul aos jornalistas em Ancara.
O presidente turco, que também expressou seu temor de uma situação que resulte num conflito similar ao da Síria, pediu a todas a partes a agir com calma.
O Irã condenou a matança, segundo um comunicado publicado pela agência Fars.
Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos pediu às autoridades egípcias que autorizassem as manifestações dos simpatizantes de Morsi, pelo temor de uma explosão da violência.
Washington, que concede ao Cairo uma ajuda de US$ 1,5 bilhão por ano, principalmente militar, mantém relações estreitas com os militares do país, mas defende a convocação rápida de novas eleições.


 

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